ARQUIVO SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

A arte de Salomão Nazar

Por Toninho Cury


Uma das profissões mais antigas, para não dizer nobre, pois está cravada na Bíblia, é a profissão de carpinteiro, muito conhecida através da Arca de Noé e de José, o pai de Jesus.
É dessa arte que trouxe à memória, a história do rio-pretense Salomão Nazar, nosso principal carpinteiro do século passado.
O bairro da Boa Vista foi durante muitos anos, luxo de São José do Rio Preto. Grandes mansões, salões e outras edificações, tiveram suas estruturas de madeira construídas por Salomão Nazar e seus filhos. Madeiramento de telhados, luxuosos forros, portas e janelas maciças.
A área compreendida entre os córregos Canela e Borá, centro e baixada do Rio Preto, onde ficava a maior parte do comércio que elevou a cidade aos patamares atuais, teve grande parcela do trabalho de Salomão Nazar.
A matéria em tela, retrata a primeira tesoura de ponte armada feita em São José do Rio Preto. A estrutura fora encomendada pelos empresários conhecidos por “Fauazi & Biasi”, proprietários fundadores do “Frigorífico Bandeirante”.
Como diz o filho de Salomão, Forjalico, “papai aceitou o desafio em construir uma tesoura de 20 metros. Ficou lá montada em período de teste durante oito dias e nada aconteceu. Então, a obra continuou, o telhado foi concluído e até o ano passado, a estrutura estava firme e forte”.
Esse relato, é uma lembrança de Forjalico, puxado da memória, do ano de 1932. A edificação foi demolida no ano passado para dar lugar a uma agência bancária. Oitenta anos firmes e fortes onde Salomão necessitou de apenas oito dias para garantir seu serviço.
A foto em preto e branco, é a finalização da tesoura antes de ser erguida ao teto. Forjalico, com 5 anos de idade, é a criança à direita e seu irmão, Issa, a criança da esquerda. Salomão é o terceiro da esquerda para a direita de camisa branca.
Segundo Forjalico, “Fauazi & Biasi”, construíram a edificação do “Frigorífico Bandeirante” para lá comercializar carne fresca e fabricar as famosas mortadelas Bandeirante.
Posteriormente, “Fauazi & Biasi” vendeu o “Frigorífico Bandeirante” aos “espanhóis” que tinha como um dos diretores o Sr. Lopes.
Além de frigorífico, o barracão abrigou a “Officina Moysés” e ultimamente, um estacionamento.
Assim, nesse pequeno espaço, presto homenagem a uma pessoa hoje “desconhecida” mas, outrora muito valorizada, respeitada e solicitada por aqueles que construíram e marcaram história em Rio Preto.