Thermas de Ibirá: Uma luz no fim do túnel.

Ibirá/SP, Janeiro de 2011 - por Toninho Cury

Como sempre faço, ao retornar de alguma viagem pela Rodovia Washington Luís, dou uma “entradinha” nas Thermas de Ibirá.

A ligação que tenho com a pequena estância hidromineral, é desde minha infância. Sempre estive por lá com meu pai, freqüentador assíduo nos anos 50 e 60. Após seu falecimento, continuei freqüentando, mas de forma esporádica.

Vi a construção da represa, no início dos anos 70. Para mim, o maior crime ambiental de todos os tempos em toda nossa região. Lá, enterraram a famosa nascente de enxofre, que exalava cheiro de ovo choco a metros de distância. Sua água era milagrosa e seu barro, continha efeitos terapêuticos, que segundo comentários, era superior a “lama de Araxá”.

Vinha gente do mundo todo beber a água que  pingava através de um pequeno cano. Para encher um copo, levava uns minutos. “Valia ouro!”

A lama negra, as pessoas passavam em juntas e feridas, alcançando melhoras incríveis.

Conheci o velho Dalaphine, do famoso “Hotel Dalaphine”. Ele próprio com sua jardineira de cabine de madeira, transportava seus hóspedes do bairro das thermas até as bicas, local conhecido, onde ficava o imponente balneário.
O desleixo dos políticos na época, com apoio dos governos ditatoriais, mataram o local com a construção da represa.
De lá para cá, mudou muito a freqüência. Onde era um lugar de descanso, passou a ser freqüentado por “bêbados” e “baderneiros”. Foi a decadência total.
Comemorei, no aeroporto de Rio Preto, quando Quércia era governador, a “emancipação” das Thermas. Foi alegria por algumas horas. No retorno à capital, também no aeroporto, Quércia revogou seu ato anteriormente assinado. Foi muito azar. Segundo se comentou na época, foi por causa de uns políticos da oposição que assumiriam as Thermas com sua emancipação.
Se estivesse emancipada, a história seria outra.
Vivenciei a  concessão assinada por um grupo de italianos, assumindo as Thermas por alguns anos, para construir um parque temático. Mal assessorados, derrubaram árvores sem licença e levaram uma multa alta do IBAMA, além de serem processados por crime ambiental. Se defenderam e foram embora do país.
Freqüentei muito o “Spa Ibirá”. Um luxo de hotel. Coisa de primeiro mundo. Quartos luxuosos, banheiras e piscinas com água mineral. Sala de ginástica, massagem, fisioterapia e cinema. Freqüentado por celebridades, famosos da MPB e milionários, durou por poucos anos.
Alguém conseguiu a concessão do sub solo local, proibindo o uso dos poços artesianos que abasteciam o spa e outras edificações.
Com o abastecimento dos hotéis e pousadas através de água tratada, caiu em 100% a freqüência. O bom era a água com vanádio pois a água clorada e tratada, o turista tem na torneira em casa.
O “Grande Hotel”, fundado em 1947 com grande ajuda de Adhemar de Barros, até que tentou se levantar. Gastou em reformas e construiu uma ala moderna, mas também sucumbiu.
Neste início de ano, na primeira visita que fiz às Thermas, me surpreendi ao ver uma grande reforma no velho balneário, assumida pelo governo paulista.
De início, segundo informações explícitas nas placas fixadas, o gasto só com pinturas externas e construção de uma praça em frente ao velho balneário, já beira meio milhões de reais.
Se for nesse ritmo, em breve teremos de volta o velha casa de banhos que marcou época nos anos 40, 50 e 60.
A imponente Fonte Adhemar de Barros, datada 1944, está quase pronta. Idem com a “Jorrante”, já coberta . As  fontes  “Saracura” e  “Seixas”, estão em obras, mas vertem suas águas curativas aos freqüentadores.
Seria “ uma luz no fim do túnel” à  sofrida cidade fundada por Antonio Bernardino de Seixas Ribeiro, pai do fundador de Rio Preto, João Bernardino de Seixas Ribeiro?