ARQUIVO

BUSCA

A foto premiada

Publicado terça-feira, 15 de março de 2011

0 comentários

 

Em Dezembro passado, fui até Praia Grande, SP, fotografar uma pérola de nossa cultura, fé e folclore, a homenagem à “Iemanjá”, nossa rainha do mar.

Já bem ensopado pela água salgada do mar, algumas lentes com respingos, a velha mochila, metade seca, metade molhada, um pé do tênis sem a sola e cheirando lavanda (perfume predileto de “Iemanjá”), achei por bem encerrar o trabalho.

Como “conto” os fotogramas digitais em números de fotogramas analógicos, dividi tudo em 36.

Trinta e seis, é o numero máximo de fotogramas de um negativo 35 mm. Em meu ritmo nas romarias e eventos populares, é  de um a dois filmes a cada hora. Portanto, em três horas havia feito aproximadamente 600 fotogramas, isto é o triplo de fotogramas, se fossem em negativos, ou seja, 16 rolos de filmes (como a gente dispara compulsivamente com câmera digital!!!) Parei aí, sem remorso algum.

Sempre segui a risca o velho jargão, “um olho no queijo, outro no rato”. Ligado nos fatos, não disperso em ver resultados na telinha da câmera, o que desvia muito a atenção.

Vejo e analiso as fotos no dia seguinte, já descansado e tranqüilo.

Com minha Nikon D 200 em punho e pronto para partir, avistei um grupo de amigos sendo fotografado por uma garota. Nada a ver com “Iemanjá”.

Em fração de segundos, senti que seria uma cena interessante mas, em preto e branco.

Mesmo com muitos anos de estrada na busca de melhores ângulos, nuances e composições, é difícil de explicar como tudo acontece tão rapidamente. É como um raio!

Pelo posicionamento dos pés dos amigos, os braços entrelaçados nas costas e o semi círculo para todos “caberem na foto”, veio à tona fotos “retrô”, dos anos 50. Naquele momento a presença das cores seria fatal. Nada a ver.

Lembrei-me de velhos mestres da fotografia que iam até as praias em busca de belas imagens.

Quando descontraídos, uniam seus amigos e parentes, posicionando-os da mesma forma.

Quando da escolha do material a ser enviado ao “Concurso Leica 2010”, não pensei duas vezes. Coloquei os “Amigos” no páreo.

Fui premiado com uma “menção honrosa” entre 2.500 fotógrafos e suas 11.000 fotos.

Pela “historinha” relatada e o resultado obtido, ofereço esse prêmio à memória de dois velhos mestres e amigos que já partiram e com certeza iriam elogiar a foto. Estou me referindo a Nestor Brandão, meu primeiro orientador em manusear minha Yashica Mat e o Ângelo Francisco Nutti, fundador do Foto Cine Clube Bandeirante, que durante anos me ensinou a olhar as coisas de forma diferente bem como a valorizar a luz, a composição e o laboratório de um trabalho em preto e branco.

 

Toninho Cury

Comentários - 0

Ninguém comentou ainda, seja o primeiro!