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O que vi em Rio Preto na semana de 31 de Março de 1964

Publicado domingo, 30 de março de 2014

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Os militares no poder

A foto postada é ilustrativa. Fiz do Exército Brasileiro em 09/1989.

Era manhã de primeiro de Abril de 1964, “dia da mentira”.  Estava com mil ideias para enganar amigos da escola. Tinha 10 anos de idade. Estava caminhando em frente à agência de veículos “DKV”, de “Fauazi & Biasi”, que ficava nas confluências das Ruas Bernardino com Delegado. A edificação foi demolida para construção da agência do “Banespa”, hoje “Santander”.

Existia na esquina, anexo, um posto de combustível da mesma empresa. Sempre, ao passar por lá, retomava a atenção devido ao movimento de veículos. Naquele dia, as entradas do posto estavam bloqueadas com tambores de aço de 200 litros. A venda de combustível no país havia sido suspensa por tempo indeterminado.

As aulas de minha escola, o “Cardeal Leme”, foram canceladas. Fui até a secretaria para ver a veracidade do cancelamento das aulas e deparei com o diretor da escola, o Dr.Paulo, conversando com policiais. Dei a volta no corredor e fui embora.

Fiquei confuso, pois a cidade estava estranha. Ninguém sabia o que estava acontecendo.

Desci a Bernardino. Fui em direção ao “Café Pilão”, do libanês Fuad Gattaz.

Sempre que morria alguém, a funerária afixava avisos em um painel existente na parede daquele café. Também, os jornais da cidade, eram afixados em suas paredes. Acima de sua porta de aço, havia um alto falante em forma de corneta. Na época, era conhecido como “Serviço de Alto Falantes Pilão”. Era um lugar onde enchia de pessoas em dias de jogos de futebol, para ouvir jogos de seus times prediletos. Lá, havia informação de tudo que acontecia não só em Rio Preto, como também no mundo.

Justamente em frente ao “Pilão”, a Bernardino estava intransitável, devido ao grande número de pessoas ouvindo o noticiário do rádio.

Parecia que toda Rio Preto estava lá presente. Eu, ingênua criança, continuava sem saber de nada.

Mais tarde, quando minha família se reuniu para o almoço é que tomei ciência de que “os militares iriam mandar no país”.

Como morava meio quarteirão do fórum, passei a tarde vendo a movimentação de gente na Praça Rio Branco. Devia ser advogados discutindo o golpe militar.

Havia também, muitos policiais conversando com médicos  na “Casa de Saúde São Luiz”. Hoje, “Galeria São Luiz”, entre as ruas Voluntários e Marechal.

Nos dias seguintes, tivemos no “Cardeal Leme”, sucessivas palestras com militares. Diziam que os “comunistas” queriam tomar conta do país. Apesar das palestras, continuei não entendendo nada e o pior, passei a ter medo de uma terceira guerra mundial.

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