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Praça Vazia

Publicado quinta-feira, 3 de novembro de 2011

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Aos que vivenciaram o “footing” entre os anos 60 e 70 na Praça Rui Barbosa e Rua Bernardino de Campos, jamais imaginariam uma imagem como esta em uma Rio Preto com quase meio milhão de habitantes.

 

Esta fotografia foi feita Domingo, dia 30 de Outubro de 2011, às 13h.

 

Neste horário, no passado, era muito difícil de transitar devido ao grande número de veículos e pessoas por lá.

 

Na região havia o Restaurante Bambina, o Lanches Caron, São Jorge, Príncipe Lanches, entre outros, sem contar com os dois velhos pipoqueiros, os carrinhos de "Salchibom" (nosso primeiro lanche móvel de cachorro quente) além de inúmeros sorveteiros e engraxates. Durante todo dia, o Clube Monte Líbano “bombava”, com seus associados lendo revistas,  jornais, ou assistindo tv em branco e preto. À noite, sua boate extravasava as madrugadas.

 

O Cine Rio Preto, onde hoje é o Praça Shopping, exibia sessões a partir das 14h e as filas começavam por volta das 13h. Sua última sessão, aos finais de semana, era a meia noite.

 

Na praça, os bancos de granilite, por sinal muito confortáveis e fresquinhos, abrigavam casais de namorados e pessoas a espera de amigos ou paqueras para um bate papo. O local era um espaço muito concorrido e com muitas atrações em seu entorno.

 

Daí, se fez o calçadão. Coisa na moda em meados dos anos 70.

 

O verde diminuiu. A bela fonte luminosa e sua ponte encurvada foram demolidas. O concreto prevaleceu. Entraram outros bancos e um piso escorregadio. Tudo foi mudado e "modernizado". Não circulou mais veículos e os freqüentadores aos poucos sumiram.

 

No coração (Praça Rui Barbosa) da cidade, sua artéria principal (Rua Bernardino) foi entupida. Sob meu ponto de vista, com a "obstrução" de sua principal artéria, o coração de Rio Preto "enfartou".

 

Desocupados e marginais tomaram conta do lugar. A criminalidade aumentou e o comércio de bons restaurantes e lanchonetes se fechou. Após às 18h e aos finais de semana, o perigo se tornou eminente.

 

Com o fechamento das ruas na região, a boate do Clube Monte Líbano acabou. Não havia como os pais buscarem seus filhos nas madrugadas.  Roubos e assaltos na região, até então raros, tornaram-se constantes.

 

Moradores do centro migraram para os bairros. Suas moradias hoje abrigam comércios. Nada de novo foi construído. Nesses anos todos, exceto com a reforma do "Praça Shopping", só se viu adequações e "gambiarras" sobre imóveis velhos.

 

Essa é a realidade de nosso sucateado comércio central, que ainda sobrevive devido a pujança dos comerciantes.

 

Com as obras recentes de revitalização do calçadão, ainda pairam muitas dúvidas sobre a circulação ou não de veículos no local. Uns dizem que sim, outros, que não.

 

Parte dos comerciantes é favorável a abertura do trânsito. Parte não. É um desencontro total de posições e informações. Esse tema é muito importante, talvez fundamental para um alavanque no comércio.

 

A semente foi lançada.

 

Após mais de 40 anos de estagnação e abandono, algo de novo está sendo feito, o que é muito importante.

 

Vamos acreditar e botar fé nessa empreitada.

Torcemos que dê certo e que toda área central volte a brilhar como brilhou nos "anos dourados" não só em vendas, como também em lazer, beleza e segurança.

 

Toninho Cury

 

 

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